terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Revista Trajetória Literária lançada no Pavio da Cultura do sábado, dia 11/12/2010.




Dia onze de dezembro varamos uma grande tempestade para chegar em Suzano, nossos agradecimentos ao motorista da prefeitura de Mauá, o Kleber, que nos levou e trouxe de volta em segurança, em detrimento da forte chuva e da estrada perigosa.

Chegando ao Centro de Educação e Cultura Francisco Carlos Moriconi, fomos recebidos pelo coordenador literário da Secretaria de Cultura, o Sacolinha, com seu grande sorriso e a cordialidade de sempre. O que muito admiro no pessoal de Suzano é sua organização e vitalidade. Cultura é um fazer contínuo e cansativo, no entanto nas duas vezes que consigo ir ao Sarau Pavio da Cultura, não contabilizo baixas, muito pelo contrário, as pessoas estão vivazes e dispostas. E sempre tem uma novidade, desta vez foram apresentados vídeos alternativos, produzidos pelos poetas que transitam entre a palavra e as artes visuais.

A organização foi impecável também na pontualidade, recebemos nossas cópias da revista em uma cerimônia simples, mas muito bem arranjada e bastante emocionante. Falei, na minha vez, sobre o fato de que estas publicações são as verdadeiras antologias do que se produz agora, longe do pedantismo e proselitismo que envolvem as antologias produzidas dentro dos meios acadêmicos e literários. Os teóricos e críticos dos grandes centros são incapazes de ver a produção rica que ocorre nos círculos periféricos e arrabaldes. Existe vida cultural e literatura além das fronteiras da Cidade Universitária, é uma literatura pungente, nem sempre alinhada com a última moda ditada na Europa, mas é sempre viva e pulsante.

Só faltou registrar a ilustre presença do poeta Jorge de Barros, também de Mauá, que também está na revista Trajetória Literária - número 6, sendo o sétimo colocado no Concurso, e meus agradecimentos à prefeitura de Suzano, na figura de seu Secretário de Cultura, o Sr. Walmir Pinto, que ao meu ver fez uma das mais felizes falas sobre políticas culturais públicas que já ouvi, onde afirma que Cultura não é evento, e que muitos políticos costumam fazer esta confusão (alô Mauá). Os maiores agradecimentos ao Sacolinha que sempre me recebe como um amigo (um abraço); aos membros da Associação Cultural Literatura no Brasil na figura de seu presidente, o brilhante cordelista, Francis Gomes (mais abraços); e a cidade de Suzano, que tem me tratado com generosidade e me concedeu pela segunda vez um primeiro lugar em um concurso de poesia. 

E por fim mencionar a justa homenagem a Carolina Maria de Jesus patrona do 6º Concurso Literário de Suzano. 




“A revista Trajetória Literária n.º 6, que conta com as poesias e contos dos 22 autores selecionados por meio do 6º Concurso Literário, será lançada na edição do Pavio da Cultura deste sábado (11/12). O evento tem início às 19h30, no Centro de Educação e Cultura Francisco Carlos Moriconi (rua Benjamin Constant, 682 – Centro).

Os 22 autores que participam da revista com contos e poesias foram selecionados por meio do 6º Concurso Literário de Suzano – Edição Carolina Maria de Jesus. Eles estarão presentes nesta edição do Pavio, bem como os ilustradores, cujos trabalhos fazem parte da revista. O Pavio da Cultura é um sarau cultural com música, literatura, cinema, teatro e dança, que virou tradição na cidade de Suzano. Ele é realizado todos os sábados em um centro cultural da cidade. A revista é o resultado do 6º Concurso Literário de Suzano - Edição Carolina Maria de Jesus.”







segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

QUINTA POÉTICA do dia 9 de dezembro de 2010




A QUINTA POÉTICA do dia 9 de dezembro de 2010, foi um momento distinto dentro desta nossa sociedade de utilidades imediatas, sem muito espaço para reflexão e poesia.

Pudemos ouvir com vagar e atenção um relato de viagem em um diário poético do mestre Roberto Bicelli em primeira mão, onde nos foi apresentado um documento que nunca havia sido revelado à público. Dois momentos de forte emoção com a leitura de nomes de passarinhos da caatinga como se fosse um mantra e uma carta de Roberto Piva, que criou um forte silêncio e lágrimas de saudade do velho bruxo.

A presença em alma do poeta José Carlos Mendes Brandão que não pode comparecer, pois convalescia de um acidente, não muito grave, mas imobilizante; a poeta Cecília Camargo que fez a leitura de seus poemas lhe emprestou a voz.

Houve também a presença de Nestor Lampros de Atibaia, com seus poemas quase hai-kais, de grande leveza e condensação de sensações e palavras.

Fiquei muito feliz de poder fazer mais uma leitura de meus poemas neste espaço especial que é a Casa das Rosas, e nossos agradecimentos especiais ao poeta José Geraldo Neres (curador, grande apresentador e anfitrião da noite).

Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos
Av. Paulista, 37 - São Paulo/SP

(Próxima QUINTA POÉTICA: março/2011, na CASA DAS ROSAS.)




http://versaocultural.blogspot.com/2010/12/34-edicao-do-quinta-poetica-na-casa-das.html








segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Cerimônia de entrega dos prêmios do Concurso Literário de São Bernado do Campo - SP




ENTREGA DOS PRÊMIOS DO CONCURSO LITERÁRIO DE SÃO BERNARDO

Com o objetivo de fomentar a cadeia criativa do livro por meio do estímulo à produção literária local e nacional, a Secretaria de Cultura promoveu entre março e setembro a inscrição de obras inéditas em três categorias – Poesia, Conto e Dramaturgia.

Dia 15 de dezembro de 2010 (quarta) 19h

Pinacoteca de São Bernardo do Campo. 
Rua Kara, 105, Jardim do Mar - São Bernardo do Campo - SP
Tel: 4125-4056/4125.





EDITAL DE CONCURSO LITERÁRIO (RESULTADO)
A PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO, por meio da SECRETARIA DE CULTURA, torna pública a relação de premiados no EDITAL DO CONCURSO LITERÁRIO, publicado no jornal "Notícias do Município", edição nº 1550, de 12 de março de 2010.

Categoria Poesia ( São Bernardo do Campo )
MARIA DA CONCEIÇÃO SOARES BASTOS
HILDA CAMPIOTTI DA SILVA
ALBERTO LAZZARINI FILHO

Categoria Poesia ( Brasil )
EDSON BUENO DE CAMARGO
MARY FERREIRA BORGES DE CASTILHO
EUSTÁQUIO GORGONE DE OLIVEIRA

Acidente literário – Perfume que lembra incenso, inunda trólebus lotado com o cheiro, e inebria poeta que escreve mais um poema inútil.


Exercício de criação 8


Acidente literário – Perfume que lembra incenso, inunda trolebus lotado com o cheiro, e inebria poeta que escreve mais um poema inútil.

Título:  Perfume com cheiro que se assemelha a incenso (totalmente desconhecido).
Local:  A bordo do trólebus linha 284 que faz a ligação Santo André - Diadema, Sentido Santo André, em uma das paradas da Avenida Lucas Nogueira Garcez, em frente ao pavilhão Vera - Cruz, São Bernardo do Campo.

Data: Em uma manhã entre fevereiro e março de 2007, não é possível uma precisão da data, uma vez que a testemunha do fato e também um dos protagonistas, tem problemas com memória e memorização de efemérides (já esqueceu o dia do próprio aniversário, e quase deu bolo na festa.)

Protagonistas: Um poeta de meia idade totalmente fracassado (e logo após uma entrevista frustrada de trabalho), o motorista do trólebus (pois senão este se desgovernaria), algo em torno de 89 passageiros ou mais, entre sentado e em pé, mulheres, homens, crianças, idosos, jovens, um casal gay não assumido, uma jovem com perfume que lembrava incenso (nunca foi identificada).

Tipo: Estimulação poética através do cheiro de um perfume, fato que gerou os primeiros versos de um poema.


Descrição do Acidente Literário:
Uma manhã, já quase na hora do almoço, um poeta de meia idade, ruminando seu mais recente fracasso, estava em estado de divagação, quando entrou no trolebus lotado uma mulher (não se sabe porque intui-se que fosse uma jovem).  A tal jovem usava um perfume que lembrava o cheiro de incenso,  que inundou momentaneamente a rotina proletária e sem sentido da vida das pessoas naquele veículo. A maior parte dos passageiros e motorista, dado ao seu treinamento de esquecimentos, logo incorporou a informação aos subconscientes e esqueceu imediatamente. O poeta passado dos quarenta anos e sem emprego definido, sofreu um processo de necessidade de criação escrita, descrito por alguns autores e cientistas como “estado poético” (outros autores denominam pasmaceira mesmo). Acometido de tal estado poético, o escrevinhador contumaz pegou seu pequeno caderno reservado especialmente para estes momentos e escreveu os versos “ mulheres que cheiram a incenso, não carregam cântaros de água nos cabelos”.  Não foi possível distinguir entre os passageiros do coletivo lotado, qual jovem emitia tal odor. Posteriormente já em sua residência, o poeta desfilou mais uma porção de palavras, que a todas juntas colocou o título cabalísticos. ( Este poema lhe rendeu um premiação em concurso literário e mote para a escrita de mais um livro de poemas que será lido apenas por uma meia dúzia de pessoas).

Recolhido por: Poeta de meia idade divagando em um trolebus. 
 
 
Exercício literário número 8, proposto pelo blog Gambiarra Literária, baseado em conto do poeta Jorge de Barros. Notificação de Acidente Literário:  
http://ooficiodoocio.blogspot.com/2010/11/notificacao-de-acidente-literario.html


Gambiarra Literária - Pratique Gambiarra Literária - O exercício faz o artífice.
http://gambiarraliteraria.blogspot.com/2010/11/exercicio-de-criacao-8.html

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

5° FESTIVAL SANTA LÚCIA DE CONTOS E POESIAS - Série poemas premiados

répteis

vomito cobras vivas
cinco ao todo
répteis que caem ao chão
e fogem assustados
ainda úmidos
sulcam a terra
desaparecem na poeira

pajés do planalto central
visitam meu devaneio
saltam de dentro
de nuvens de fumaça branca
cheiram a querosene e tabaco
pólvora queimada e pinga
moeda cachaça para todos os santos
para juremas
para os caboclos errantes
para os egúns vivos quase mortos
que caminham pela civilização
e têm nos olhos telas brilhantes e antenas

não se sabe
se é noite ou dia
céu vermelho sobre a cabeça
tempestade de areia do Saara
dormindo nas águas quentes do Caribe

câmeras assustadas filmam o abismo
desvelam línguas e palavras
uma menina pivete desafia a polícia
com seu corpo magro e olhos de assombro
um diamante vivo em cada pálpebra

Glauber Rocha ressuscitado em Brasília
dirige tudo aos berros e euforia
(como todo bom baiano
sorri irônico como um Caetano)

tudo é sonho
tudo é vermelho
tudo cheira a esgoto a céu aberto
tudo cheira a vidro quebrado e hospital

as mesas dos botecos se embriagam
devoram as palavras que os poetas lhes derramam
lambidas por lagartos abissais
a cidade (e suas asas)
é um poço sob os discos voadores


- 5° FESTIVAL SANTA LÚCIA DE CONTOS E POESIAS – organização João Minali – 1º lugar Modalidade- Poesia / Categoria- Adultos – Santa Lúcia – SP - 2010

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Revista - Celuzlose 07



http://celuzlose.blogspot.com/2010/12/celuzlose-07.html


Revista - Celuzlose 07

NESTA EDIÇÃO

Entrevista
Armando Freitas Filho

BR.XXI - Literatura Brasileira Contemporânea
Ana Tanis
Annita Costa Malufe
Beth Brait Alvim
Bruno Brum
Bruno de Abreu
Chiu Yi Chih
Diniz Gonçalves Júnior
Edson Bueno de Camargo
Isadora Krieger
Reynaldo Damazio
Roberta Ferraz
Thiago Ponce de Moraes

GEO - Literatura sem Fronteiras
Ignacio Muñoz Cristi (Chile)
José Landa (México)
Juan José Macías (México)

Caderno Crítico
Por uma leitura fenomenológica de Édipo Rei - por Chiu Yi Chih
Borges e a poesia: Esse ofício do verso - por Wanderson Lima

O que é poesia?
Edson Cruz (Organizador)
Ana Maria Ramiro
Beatriz Bajo
Laís Chaffe

BIO - Vida & Obra
Arthur Rimbaud - por André Dick

LÚCIDA RETINA - Poesia Visual
Guilherme Mansur

QUINTA POÉTICA, 9 de dezembro de 2010



Escrituras Editora e Casa das Rosas

convidam para a



QUINTA POÉTICA,

9 de dezembro de 2010

a partir das 19h (evento gratuito)



com os poetas convidados

Edson Bueno de Camargo (Mauá-SP), José Carlos Mendes Brandão (Bauru-SP), Nestor Lampros (Atibaia-SP) e Roberto Bicelli (São Paulo-SP), com apresentação especial de Mestre Sapopemba (percussão e voz) & Kiusam de Oliveira (corporeidade afro-brasileira).

Agradecimentos especiais ao poeta José Geraldo Neres (curador).





Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos

Av. Paulista, 37 - São Paulo/SP

Próximo ao metrô Brigadeiro.

Convênio com o estacionamento Patropi - Alameda Santos, 74

Informações: (11) 5904-4499

è Próxima QUINTA POÉTICA: março/2011, na CASA DAS ROSAS.

Saiba mais sobre o evento e os convidados:



Quinta poética

Mensalmente, a Casa das Rosas abre suas portas para a Quinta Poética, um grande encontro dos amantes da boa poesia, com a presença de poetas consagrados e novos talentos, que têm a oportunidade de apresentar seu trabalho. Intervenções artísticas das mais diferentes expressões, como dança, música, artes plásticas, cultura popular, envolvem a leitura dos poemas. Grandes nomes da poesia, como Álvaro Alves de Faria, Beth Brait Alvim, Carlos Felipe Moisés, Celso de Alencar, Cláudio Willer, Contador Borges, Eunice Arruda, Floriano Martins, Hamilton Faria, Helena Armond, João Melo (Angola), José Geraldo Neres, Raimundo Gadelha, Raquel Naveira, Renata Pallottini, Renato Gonda, entre outros, já estiveram presentes nesses encontros, que são promovidos pela Escrituras Editora e a Casa das Rosas.


Os poetas:

Edson Bueno de Camargo (Mauá-SP) nasceu em Santo André (SP), em 1962, e mora em Mauá (SP). Publicou: “Cabalísticos” (coleção Orpheu, Editora Multifoco, Rio de Janeiro, 2010); “De Lembranças & Fórmulas Mágicas” (Edições Tigre Azul / FAC Mauá -2007); ”O Mapa do Abismo e Outros Poemas” (Edições Tigre Azul / FAC Mauá -2006), “Poemas do Século Passado-1982-2000”, participou de algumas antologias poéticas e de publicações literárias diversas. Participa do grupo poético/literário Taba de Corumbê da cidade de Mauá. Premiado na Categoria Poesia Nacional – 2010; 1º lugar - CONCURSO LITERÁRIO – SÃO BERNARDO DO CAMPO.




José Carlos Mendes Brandão (Bauru-SP) nasceu em 28 de janeiro de 1947, em Dois Córregos, SP. Publicou seis livros de poesia: O emparedado, Exílio, Presença da morte, Poemas de amor, O silêncio de Deus e Memória da terra. Recebeu diversos prêmios, como o da V Bienal Nestlé de Literatura, José Ermírio de Moraes, Brasília de Literatura, UnB e Cidade de Belo Horizonte (por um romance inédito).




Nestor Isejima Lampros (Atibaia-SP) - Arte-educador, escritor, artista gráfico e artista plástico. Nascido em 1971, em São Paulo, vive desde 1972 em Atibaia (SP). Participou do concurso Linguagem Viva, em 1991, e obteve a primeira colocação em poesia. Foi por diversas vezes o primeiro colocado no Concurso de Contos e Poesias, em Atibaia, sendo que em 2002 representou a cidade no Mapa Cultural Paulista, obtendo o segundo lugar na finalíssima no Estado de São Paulo (modalidade: poesia). Em 2004, lançou seu livro de poemas, Portais, impresso pela gráfica da Prefeitura de Atibaia. Em 2008, foi novamente premiado no Mapa Cultural Paulista. Participou de diversas exposições, como artista plástico, em Atibaia e outras cidades. Criou ilustrações de livros e revistas para editoras, tais como a Ática e a Editora Três. Em 2009/2010 participou da grande final do Mapa, pela terceira vez. É membro-fundador da Academia Literária Atibaiense (ALA), fundada em 1999.



Roberto Bicelli (São Paulo-SP) - nascido em São Paulo, formou-se em Letras e publicou os seguintes livros: Antes que eu me esqueça (1977) e O Colecionador de palavras (1987). Antologias e textos publicados em diversos veículos, da chamada "Geração 60" ou "Geração dos Novíssimos". Participou de inúmeros recitais de poesia, dos anos 60 até hoje. Participa do livro-reportagem "Os Dentes da Memória: Uma Trajetória Poética Paulistana", das jornalistas e escritoras Renata D'Elia e Camila Hungria (O volume será lançado até o final deste ano pela Azougue Editorial). Tem inédito o livro "Ego Trip"- viajo e celebro a mim mesmo.



Mestre Sapopemba (percussão e voz)

José Silva dos Santos, nasceu em Penedo (Alagoas), em 1947. Sua relação com a música iniciou ainda garoto nos folguedos de sua cidade. Migrou para São Paulo na adolescência, mas sempre se manteve ligado às tradições, principalmente em função de sua profissão de motorista que o faz viajar por todo o Brasil. Desde 1990 faz parte da Abaçaí Cultura e Arte, entidade que atua com a cultura popular do Brasil, com a qual pratica e difunde suas memórias musicais e ao mesmo tempo as enriquece com as vivências e pesquisas do grupo. Sapopemba é considerado por músicos e acadêmicos um arquivo vivo das tradições populares brasileiras. Com a Abaçaí foi, em 2002, a Cuba para as gravações do cd “Agô Cantos Sagrados de Brasil e Cuba”, pelo selo Sambata. Em 2005 participou da trilha do espetáculo Milágrimas, de Ivaldo Bertazzo, sob a direção musical de Benjamim Taubkin.




Kiusam de Oliveira (Santo André – São Paulo) é Doutora em Educação e Mestre em Psicologia pela Universidade de São Paulo. Arte-educadora, bailarina e coreógrafa, é ativista do Movimento Negro. Assessora da Secretaria de Cultura e Secretaria da Educação de Diadema nas temáticas ligadas às artes, gênero e relações etnicorraciais. Autora do livro Omo-Oba: Histórias de Princesas (Mazza Edições, 2009. Ilustrações de Josias Marinho), recomendado pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) para Bologna Children's Book Fair 2010, presente na Feira Internacional do Livro em Bologna, Itália. A obra foi escolhida também pelo Programa Nacional Biblioteca da Escola - PNBE para fazer parte do acervo das escolas públicas em 2011.




Curador da Quinta Poética:

José Geraldo Neres nasceu em Garça, SP, em 1966. Poeta, roteirista, dramaturgo (com formação em oficinas e cursos de criação textual) e produtor cultural. Publicou o livro de poesia Outros Silêncios, Prêmio ProAC da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo 2008, (Escrituras Editora, 2009) realizado por meio do programa “Bolsa para autores com obra em fase de conclusão” da Fundação Biblioteca Nacional em 2007/2008; e Pássaros de papel (Dulcinéia Catadora, edição artesanal, SP, 2007). É cofundador do Palavreiros. Integrante do Conselho Gestor & Editorial do Ponto de Cultura Laboratório de Poéticas (Programa Cultura Viva, do MinC). Gestor Cultural e Curador da Sala Permanente de Vídeo/Doc da 8ª Bienal Internacional do Livro do Ceará (2008). Jurado da etapa inicial do Prêmio Portugal Telecom de Literatura (2009). Ministra oficinas literárias, com ênfase em criação literária e estímulo à leitura. Seu livro Olhos de Barro recebeu menção especial na 3a edição do Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura (ficção - 2010).


Escrituras Editora

Rua Maestro Callia, 123 - Vila Mariana
04012-100 - São Paulo - SP - Brasil
Tel.: (11) 5904-4499 (Pabx)





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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Tamanha felicidade.



Aconteceu de haver um período dramático de minha vida, o trabalho era terrível, com complicações e decisões que colocaram em teste toda a minha ética. Sofri forte assédio moral. Descobri que não se pode lutar contra a irracionalidade, e o fracasso nos constrói tanto quanto a vitória. Nietzsche diz, “aquilo que não nos mata, nos fortalece”. Por fim  sai quase  inteiro, e feridas de batalha são para serem mostradas e não escondidas.

Apesar de tudo, foi um momento em que trabalhei muito perto de minha casa.

Havia algo de agradável em se trabalhar assim tão próximo, é o fato que ia caminhando logo cedo, a observar o movimento dos pássaros nas árvores e dos cães vadios soltos nas ruas. Fiz muitos poemas neste trajeto, fiz muitas reflexões, e na maior parte do tempo não pensava absolutamente em nada.

Caminhava lento e preguiçosamente. Não tinha nenhuma pressa de adentrar no inferno.

Foram alguns anos de minha vida. Quantas vezes me quedei a observar uma ave a construir um ninho, depois os filhotes em primeira lição de voo. Pardais tomando banho de areia e ou em poças de água após a chuva. Os quero-quero patrulhando o gramado em frente a prefeitura a comer insetos e atacar qualquer atrevido que se aproximasse de seus ninhos. O poeta Jorge de Barros que o diga. (Depois construíram o prédio da Câmara, desalojando os bichos.)

Mas o dia mais especial se deu por conta de um cão SRD que se divertia no gramado em frente ao Fórum. Alheio ao mundo que o rodeava, às mazelas da fome, ao abandono do dono, à minha espionagem inoportuna. O cão se espojava na grama transbordando felicidade. Entregue a um exercício de puro hedonismo. Olhei aquela cena por longos minutos.

Fui embora certo que nunca encontrarei em mim tamanha felicidade. 




(Exercício de criação 7 blog Gambiarra Literária)

http://gambiarraliteraria.blogspot.com/2010/11/exercicio-de-criacao-7.html


segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Publicidade Infantil Não.



http://www.publicidadeinfantilnao.org.br/

Toda a publicidade no mundo capitalista e consumista já é uma violência, a voltada para o público infantil chega às raias do criminoso. Pelo controle ou o fim desta nefanda prática.

domingo, 21 de novembro de 2010

#FimDaViolenciaContraMulher



Dia 25 de novembro é o Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres. Para marcar a data, um grupo de feministas blogueiras-tuiteiras-interneteiras, inspiradas nos 16 dias de ativismo, está propondo cinco dias de ativismo online pelo fim da violência contra a mulher, de 20 a 25 de novembro.


http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=108463617

#FimDaViolenciaContraMUlher

Fonte:

http://pimentacomlimao.wordpress.com/2010/11/20/feministas-em-ativismo-online-pelo-fim-da-violencia-contra-a-mulher/

 

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Cidade aTravessa : a poesia dos lugares: Edição número 8 - 19/11/2010



A Cidade a Travessa 19/11 na Casa das Rosas

Sexta-feira 19/11, na Casa das Rosas, Avenida Paulista, 37, a partir das 18h, a Cidade a Travessa: megaevento da Confraria do Vento em São Paulo. Leituras, lançamento de livros (Ronaldo Ferrito, Lauro Marques, Victor Paes, Bárbara Lia e Berimba Jesus), performances e entrevistas. Vão servir absinto. Leve sua capa de chuva e prepare-se.

ENTREVISTAS

E. M. de Melo e Castro
Fernando Bonassi


LEITURA E PERFORMANCE

Ademir Demarchi
Ana Rüsche
Andréa Catrópa
Bárbara Lia
Berimba de Jesus
Carlos Pessoa Rosa
Celso de Alencar
Donny Correia
Edson Bueno de Camargo
Elisa Andrade Buzzo
Fabiano Calixto
Fábio Romeiro Gullo
Flávio Viegas Amoreira
Lauro Marques
Lúcia Rosa
Maiara Gouveia
Marcelo Ariel
Pipol
Rodrigo Petronio
Ronaldo Ferrito
Victor del Franco
Victor Paes


LANÇAMENTOS DE LIVROS

A via excêntrica, de Ronaldo Ferrito
Sumário de incertezas, Lauro Marques
Constelação de ossos, de Bárbara Lia
Multívio, Berimba de Jesus
Mas para todos os efeitos, nada disso aconteceu, de Victor Paes


Mestre de cerimônias
Márcio-André e Clóvis Bulcão

Entrevistador
Paulo Scott

Curadoria
Márcio-André, Victor Paes e Ronaldo Ferrito.


Dia 19 de Novembro de 2010 às 18h

Casa das Rosas
Espaço Haroldo de Campos
de Poesia e Literatura


Av. Paulista, 37 - Bela Vista
CEP.: 01311-902 - São Paulo - Brasil
(11) 3285.6986 / 3288.9447
contato.cr@poiesis.org.br


http://www.poiesis.org.br/casadasrosas/

http://intradoxos.blogspot.com/2010/11/cidade-atravessa-8-sampa.html

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Da incompletitude em “NÓS QUE ADORAMOS UM DOCUMENTÁRIO” de Ana Rüsche, edição da Ourivesaria da Palavra



“NÓS QUE ADORAMOS UM DOCUMENTÁRIO”

Edson Bueno de Camargo

Ao terminar de ler “NÓS QUE ADORAMOS UM DOCUMENTÁRIO” de Ana Rüsche, edição da Ourivesaria da Palavra, ficamos com uma sensação que nos falta algo, como se tivesse sido extirpado qualquer coisa de dentro de nosso ventre que nos era importante, mas não lembramos o que foi tirado. Como se sofrêssemos um aborto, sem ao menos ser possível engravidar. Uma esterilidade filosófica e social, que nos leva a negar nossa realidade ou tentar permanentemente transformá-la.

Ouvi do poeta Cláudio Willer, que dentro do domínio da palavra existe o conceito que se está escrito, de alguma maneira, existe. A palavra tem o dom do surgimento de mundos, portanto quando Ana escreve uma biografia inventada, trabalha dentro do mundo do possível, do que pode se transformar em possível e das múltiplas possibilidades. Não raro nos emocionamos com as situações em que as personagens do livro estão envolvidas, mesmo tendo plena consciência de que são criadas pela autora.

Ao evocar, sem afirmar categoricamente, uma possível esterilidade, nos põe em contato com a nossa esterilidade pessoal e de cada um, a de que nem sempre conseguimos produzir os frutos que a vida nos exige. A ausência de maternidade simbólica, ou real, cria um contraponto com a criação de uma realidade, o roteiro do documentário do mundo futuro. A grande obra da poesia.

O ser humano tem uma natureza incompleta, esta incompletitude nos faz sentir sempre a realidade como alguma coisa que nos falta. Isto cria os colecionadores, que juntando objetos vários tentam dar sentido à sua vida. Ana Rüsche coleciona lembranças, que nem sempre precisam ser verdadeiras (e se pensarmos bem, há momentos na vida que isto nem faz importância mais). Se a vida que temos não nos satisfaz, criamos uma nova e a partir desta vivência o artificial passa a ser natural. Não é a toa que o último poema do livro evoca “a quarta pessoa”, aquela parte de nós que Zeus exilou quando nos cortou no meio exato, tornando o ser humano de um ser perfeito em um ser eternamente em busca de si mesmo.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Cultura, coisa de gente teimosa e provavelmente insana.



“@paulomujica Na condição de que nunca serei situação, me cabe a qualquer governo ser oposição. Só assim posso me fazer cidadão.”

Outro dia no Twitter ao entabular uns resmungos sobre as velhas questões de Cultura, dar uns cutucões para ver se algum tatu sai da toca, recebi uma resposta que me deixou encabulado, o artista em questão disse que “me cabe a qualquer governo ser oposição”, entendo a partir disto que nunca colaboraria com qualquer governo em qualquer assunto que fosse. Embora considere uma postura legítima, me fez pensar para comigo mesmo algumas implicações.

A primeira delas é: será que devemos ser tão radicais? Ser oposição quer dizer nunca colaborar e se possível sabotar? Saiamos um pouco da questão cultural e imaginemos um desastre, as pessoas que fazem os salvamentos são agentes do governo, e se por qualquer motivo faltem pessoas e somos solicitados a ajudá-los, por uma questão filosófica e postura ética, devo deixar pessoas em risco eminente sem salvamento porque não concordo em colaborar em qualquer coisa com um governo ao qual sempre serei oposição? Saindo do campo hipotético, tenho colaborado com algumas administrações que governam minha cidade, mesmo que por vezes de forma intempestiva, com ações ligadas à cultura e literatura. Raramente ou quase nunca sendo remunerado, tenho conversado com estudantes em escolas municipais, organizado sarais, oficinas e work-shops. Faço parte de um grupo de escritores, que tem se mantido de forma capenga, e muitas vezes usamos espaços públicos para nossas reuniões e ações. Já fui acusado de colaboracionista por pessoas da direita e da esquerda, por detratores e por pessoas que considerava amigas, sou mal visto pela minha família, e a cinco anos não arrumo uma ocupação decente, vivo de bicos e favores. Como traidor da causa (não sei qual). Mesmo que nunca em nenhum momento tenha defendido fulano ou cicrano com a condição de me deixarem trabalhar, não participo de campanhas políticas que não de minha filiação partidária, que não escondo de forma alguma. Nunca condicionei participação cultural a contra-partidas, e uma única vez que isto me foi sugerido, mandei a pessoa em questão catar coquinhos. Tenho amigos em políticos, pessoas que conheci em diversas condições, e não faço a menor cerimônia em cobrá-los de posturas que deveriam ter em relação a Cultura, em alguns lugares mal me toleram, e em outros sou verdadeiramente persona non grata. Sou o perguntador inconveniente nas palestras. Sou o chato que sempre cobra as coisas, o camarada que se articula em conferências e em congressos e depois vai buscar a aplicação das resoluções coletivas. A falta de memória destas pessoas é coisa assustadora.

Seguramente fazer cultura em uma cidade periférica, provinciana, e proletária, pouco afeita ao que não seja diversão imediata ou comida, não é coisa de gente normal. Se formos examinados por um clínico, certamente se descobrirão psicopatias que curadas nos tornariam pessoas normais e obreiras. Mas a vadiagem criativa também é um vício. E por mais que diga que não farei mais nada e cuidarei de minha vida, lá estou eu engajado em um movimento qualquer. É a Pinacoteca que se encontra abandonada, é a biblioteca que não tem prédio próprio, são pessoas que me buscam perdidas sem saber o que fazer com aquilo que tem nas mãos, sem entrar em méritos de qualidade, uma pessoa lograda escrevendo poemas é tida como anormal, e como Rilke nos amaldiçoou a todos, não podemos parar de realizá-lo.

Um outra questão relevante, é que se não podemos aceitar ajuda ou ajudar qualquer instituição ou organização que seja governamental ou sustentada por elas, onde recorrer a recursos que precisamos para fazer nosso trabalho? Tenho visto organizações alternativas passarem um sufoco danado para equilibrar suas contas, na hora de decidir em assembléias pela autonomia absoluta sempre há bastante gente, que vota de forma ruidosa e tonitruante. Quando começa a necessidade de trabalho duro para a construção de projetos e de trabalhos voluntários este número reduz-se drasticamente, quando chega o momento de buscar recursos, de passar o pires, em geral este número zera. (Quando a iniciativa fracassa, as pessoas ruidosas retornam para dizer que faltou empenho dos que sobraram, em levar o projeto adiante. )

Então vamos ter uma visão empresarial, vendemos nosso trabalho artístico, mas exatamente para quem? Não só não há um mercado de trabalho para artistas, bem como não existem empresários dispostos a bancar, a partir de seu ativo, obras e ações culturais. Quase sempre são iniciativas governamentais travestidas, o dinheiro que está nas mãos dos empresários ou é fomento direto, ou renúncia fiscal, então será uma ação governamental de qualquer maneira.

Só em uma atitude totalmente anárquica, poderá ser totalmente livre, mas aviso, os resultados serão inócuos. O seu grafiti será considerado vandalismo e lhe cuspirão na cara se oferecer poesia em um panfleto no farol. A classe abastada, e uma possível elite, não consegue enxergar como arte coisas feitas no país, as pessoas presas ao dia a dia, nem nos enxergam. O último baluarte da arte livre é a Internet, e mesmo essa depende de incentivos governamentais via universidades e da iniciativa privada, em sumo estamos ou no colo de um ou na mão do outro.

E por fim, mas longe de esgotar o assunto, me lembro de uma conversa que tive com o Márcio Barreto, que organizou a I Virada Caiçara (evento só possível com a parceria com a prefeitura de São Vicente, e que mesmo assim, na última hora, não forneceu transporte para os artistas de fora da cidade), que aconteceu este fim de semana. Durante o 8º Sarau Caiçara dentro da Virada, conversávamos animados sobre o evento, quando chegamos à conclusão que continuar fazendo Cultura era coisa de gente teimosa e provavelmente insana, teimosos insanos, mas pessoas criativas, que tem na Arte mais do que somente uma forma de expressão de seus sentimentos, visionários, esperam que a Cultura e a Arte sejam agentes de transformação do mundo, temos que acreditar que estas iniciativas devam fazer a diferença em algum momento. Caso contrário realmente nos tornaremos loucos, e todos caminharemos felizes à destruição total do mundo que está neste momento sendo perpetrada pelo mundo capitalista.





(Importante, o Paulo Eduardo Rocha (@paulomujica), que espero que continue meu camarada no Twitter, tem o direito a uma réplica, que publicarei no blog a qualquer momento. )

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Do preconceito social (ou eu não poderia me silenciar).



Mosaico de "Cuidado com o cão" em Pompéia, século I a.C.



Edson Bueno de Camargo

Tenho visto manifestações de ódio racial, preconceito social e xenofobia nos meios de comunicação de massa desde a campanha eleitoral de 2002 e da consequente eleição e posse do Presidente Lula em 2003. Não sei porque o espanto e o clima de novidade agora. O ódio declarado e o patrulhamento a tudo o que cheirasse levemente a esquerda  era tanto, que bastava um post  ou comentário em qualquer lugar da Internet ou  em uma notícia que logo vinham as respostas furiosas. Lembro do fato de minha companheira escrever um artigo sobre a Lei federal nº 10.639,  no CMI – Centro de Mídia Independente, e quase imediatamente ao seu upload, um cidadão desferiu um comentário racista contra a uso de cotas nas universidades. (E tem de haver cotas sim!) Acontece que o artigo sequer mencionava as cotas, tratava-se de um artigo sobre educação e a aplicação da Lei. Em outra ocasião um cidadão travestido e pintado de palhaço atravessou uma conversa minha e de um amigo no Facebook, me disse tantos impropérios que acabei por apagar as mensagens pois não estava com saco para processá-lo.  (E não me passou pela cachola fazer um blog de denuncias, que droga! Agora se perdeu a originalidade.)

Muitas vezes o anonimato tem gerado ataques virulentos, assédio moral a blogueiros, e todo o tipo de violência verbal. Conheço poucas pessoas que não moderem seus blogs de opinião,  com medo de ataques. Muito pouco se fez e faz para resguardar a integridade moral das pessoas. As questões jurídicas ligadas à Internet são coisa muito nova, até para advogados e magistrados. As Leis tem de ser adaptadas, outras ainda proferidas.

Depois de oito anos de guerra midiática e guerrilha na Internet, finalizando com uma campanha eleitoral baseada no TEA Party americano, algumas coisas se afloraram além da conta. Muitos monstros despertaram de seu limbo.

Ferramenta interessante, o Twitter, por sua capacidade de mobilização, maior que qualquer mídia social que tenha aparecido, como tudo tem lá seus problemas, a velocidade do micro-blog tem ocasionado situações muito sui generis. Os escondidos se afloraram, esquecidos que somos uma democracia e um estado de direito, sendo o racismo declarado um crime. A fúria contra os nordestinos na verdade é algo com raízes mais profundas, vem do tempo da formação histórica de nosso país. A escravidão durou muito e muito além do que deveria, fincou raízes em nossas almas, o Brasil ainda pensa escravista. A raiva não é contra os nordestinos, é contra o que estas pessoas acreditam serem os pobres, os socialmente inferiores, que não deveriam ultrapassar a linha invisível das castas. para estas pessoas deve ter sido insuportável aguentar a ideia de um presidente de origem humilde e operário. “Como um ousou sair da senzala e entrar nos salões?” “Como o governo deixou de servir de alento às elites e passou a ser um colchão social e econômico dos menos favorecidos?” Afinal de contas são eles que pagam os impostos para terem um estado para eles e os degredados da nação que se contentem com seus guetos,  pois para estas pessoas, Estado para pobre é polícia.

Muita coisa tem de ser feita, muita coisa tem de ser mudada e melhorada, mas os últimos oito anos foram a coisa mais próxima de um governo popular que tivemos. Não é o governo de meus sonhos, até porque em meus sonhos as pessoas se tornarão tão responsáveis, que não necessitaremos mais de governos. Até lá, melhor ter um socialismo na mão do que um anarquismo voando.